sábado, 8 de maio de 2010

Vegas, a ida


Levado às Alturas

A oportunidade de conhecer Vegas veio quando um colega de quarto do Venice Beach Hotel, em Los Angeles, fez o convite: alugar um carro e ir à Las Vegas, dividindo os custos da viagem.

No dia seguinte, alugamos um carro e cruzamos o Mojave, de forma que chegamos à cidade no final da tarde, enquanto o rádio anunciava uma promoção nas diárias do Stratosphere, um dos grandes hotéis-cassino locais. O hotel leva esse nome devido a sua torre de 350m, a segunda maior do hemisfério ocidental. No topo, há um mirante cujo teto abriga duas atrações que fariam o Homem-Aranha sentir vertigem: o Big Shot, um assento que ejeta os participantes a alguns metros no ar e o X-scream, uma mini montanha-russa que circunda o topo.

Malas no quarto após o check-in, fomos ao mirante apreciar a vista. Impressionado com a estrutura e, confesso, meio temeroso, perguntei ao meu colega o que ele achava que segurava aquela coisa toda lá em cima.
"-Fé," ele disse.
Ser ateu naquela hora não me trouxe conforto algum.

Os seios da atendente

Na cidade há sempre shows diversos, cujos ingressos podem ser comprados em uma única guarita. De noite saímos em busca de um show do tipo "Viva Las Vegas," tradicional apresentação de algum personificador do Elvis. Aguardamos na fila de uma guarita e, quando chegou a nossa vez, antes que pudéssemos dizer qualquer coisa, a atendente disparou: "Vocês querem ver peitos, certo?" Queríamos somente ver algum imitador do Elvis! Pensei em pedir pelo imitador que tivesse os maiores seios, para não frustrar a atendente, mas daí fiquei quieto pois achei que ela não entenderia a piada.

Nem tudo o que reluz é ouro

Noutra noite desci ao saguão do hotel, repleto de máquinas caça-níqueis e mulheres belíssimas, aqui e ali, sempre acompanhadas de algum trouxa que naquela noite gastaria até o seu último centavo com elas. Bebida em mãos, sondei o ambiente e vi próximo a uma das máquinas uma senhorita que parecia procurar alguma coisa no chão. Me aproximei e ela, meio cambaleante e bêbada por completo, resmungou comigo alguma coisa sobre o quarter dollar que havia perdido. Meu colega havia saído para passar a noite na cidade, me deixando o quarto vazio. "-Deus existe!" pensei. "Uma mulher bêbada (!) e um quarto só para mim é um presente bom demais para ser verdade." Um minuto de conversa mais tarde ela me diz que precisa ir porque a namorada a está esperando, e mata as minhas esperanças na hora. Na minha experiência, quando algo parece bom demais para ser verdade, normalmente o é. Deus é muito sacana.

Azar no amor, sorte no jogo (ou quase isso)

Frustrado e sem amor, fui jogar. Cassinos foram feitos para isso. Escolhi uma máquina guiado pelo prêmio principal, uma reluzente Harley Davidson. Ponho uma moeda no slot, puxo a manivela e aguardo as frutas se alinharem na tela: um limão, dois limões, três limões... seguro o fôlego... um pêssego. O caça-níqueis trava e emite uma sirene enquanto uma lanterna irradia uma luz vermelha intermitente, como a dos carros de polícia. Todos ao meu redor observam e há tensão no ambiente. Uma funcionária do cassino se aproxima, destrava a máquina e me dá míseros $15 dólares. Mais um limão e eu teria voltado a Los Angeles numa moto.

Flamingo drinking from a cocktail glass,
I'm on the lounge with someone else's wife,
Enjoy the view from out the top of the mast.

Um comentário:

Unknown disse...

A sorte no amor é a gente que busca, no jogo, um bom blefe é o que vale, mas no âmbito amoroso, toda aposta é alta, por menor que pareça.