quarta-feira, 26 de maio de 2010

Rumo ao pôr-do-sol


Ambrose Bierce foi ao México e sumiu em meio à Guerra Civil, sem deixar qualquer vestígio. Talvez tenha se cansado da rotina e decidido ir para longe, em busca de uma reviravolta em sua vida, da aventura que o cenário de guerra sugere. Talvez quisesse voltar para casa, mas algo terrível tenha acontecido e ele tenha simplesmente encontrado por lá um fim nada heróico ou aventureiro, apenas trágico. Não há uma história oficial, ninguém sabe o que aconteceu.

Não importa o que ambrose tenha feito durante a vida, o ser-humano que tenha sido ou os amores e anseios que tenha tido (tão iguais aos seus e aos meus?). Na sua trajetória, o que atrai é o seu final: foi-se embora para o longe para nunca mais voltar... FIM.

No âmbito das vidas banais, do lugar comum das pessoas que são levadas pela doença ou se tornam decadentes com a idade, o destino intrigante de Bierce é como uma cavalgada triunfal rumo ao pôr-do-sol, ao final de algum filme de faroeste: um adeus feito com classe.



"Quanto a mim, parto daqui amanhã rumo a um destino incerto."
(Trecho final da última carta escrita por Bierce, em 26 de dezembro de 1913)

Um comentário:

Unknown disse...

Ao invés de quando adultos lermos livros de filosofia com letras miseravelmente miúdas, poderíamos comçrar na infância e ir regredindo, (ou progredindo, dependendo do ponto de vista) e nossa última leitura seria VOVÔ VIU A UVA. Não seria mais divertido e menos dramático? Beijo!