domingo, 7 de junho de 2009

O autor da foto


Parado em frente à Centraal Station, carregando toda a indumentária de viajante, olho para o lado e me despeço da cidade enquanto um amigo ajeita a câmera que irá registrar o momento.

O conheci em Amsterdã, na rua, depois de sair de um albergue sem vagas -outro brasileiro em busca de um lugar para ficar. Malas em mãos, hotéis e hospedarias cheias, tivemos sorte ao encontrar uns alemães que nos indicaram um barco no cais, nossa única chance de um teto sobre a cabeça naquela noite.

Há uma história a ser contada em cada pessoa que se conhece e, uma vez estabelecidos para a noite, quis ouvir qual era a dele. Ele me disse que era de Rondônia e que, cansado de tudo, veio viver na Europa. Andarilho, já havia passado por vários países, viajando em ônibus ou trens, grande parte das vezes de forma clandestina. Até me contou uns truques que usava para burlar as alfândegas. Não perguntei o que fazia para conseguir dinheiro, mas tinha uma noção: deveria fazer o que fosse preciso. Para alguém que, como eu, tinha vinte e poucos anos, ele parecia já ter passado por muito nessa vida.

Aprendi muito naquela primeira viajem, interessantíssima tanto pelos museus visitados quanto pelas conversas com ilustres viajantes desconhecidos e brasileiros extraordinários, nos hotéis e nas ruas.

Tirada a foto, é hora de ir. Por mais extraordinárias que sejam as pessoas, despedir-se delas é surpreendentemente lugar-comum: com pesar, digo adeus e lhe desejo boa sorte. Depois, entro na estação, compro um bilhete e rumo ao próximo destino.

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